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Ciência | 28 de Agosto de 2019
Monitorando a segurança alimentar de peixes marinhos

Pesquisa investiga a concentração de elementos químicos em espécies comerciais

Peixes marinhos são considerados uma fonte de proteínas de alta qualidade, rica em aminoácidos essenciais, gorduras, vitaminas e vários elementos químicos essenciais como cálcio, ferro e selênio.  No entanto, a presença de elementos inorgânicos potencialmente tóxicos pode causar desde problemas neurológicos e endócrinos até o aumento da incidência de câncer.

Metais como mercúrio, chumbo e cádmio são tóxicos mesmo quando consumidos em baixas concentrações, e seus efeitos adversos são ampliados por se acumularem em tecidos animais. Por outro lado, mesmo elementos como zinco e cromo, que desempenham funções importantes no metabolismo, podem causar efeitos tóxicos se consumidos em excesso.

O acúmulo de elementos químicos no organismo animal depende de vários fatores, como o tipo de elemento, a forma de assimilação, a espécie e o metabolismo em diferentes tecidos. Por exemplo, tecidos com altas taxas metabólicas, como fígado e rins, podem apresentar alta concentração de metais, especialmente aqueles com potenciais efeitos tóxicos.

Assim, para entender o risco potencial do consumo de peixes marinhos, Márcia Cardoso, da Universidade de São Paulo (USP), e colaboradores [1] realizaram uma avaliação da concentração de múltiplos elementos químicos em três espécies frequentemente consumidas na costa sudeste brasileira: Sphyraena guachancho (bicuda), Priacantus arenatus (olho-de-cão) e Genidens genidens (bagre guri).

Como o músculo é a principal parte dos peixes utilizada para o consumo humano, é essencial que esse tecido seja avaliado para o monitoramento da concentração de elementos químicos nesses animais. No entanto, a extração de amostras de músculos pode prejudicar a aparência do produto e diminuir seu valor de mercado. Por isso, um objetivo secundário do grupo foi avaliar o uso de tecidos com baixo valor de mercado para monitorar a qualidade dos peixes. Barbatanas, por exemplo, são uma parte comumente descartada durante o processo de limpeza nos mercados, portanto o uso de amostras desse tecido pode ser uma alternativa no monitoramento das concentrações elementares.

Dessa forma, com o uso das instalações da linha de luz XRF de fluorescência de raios X do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), os pesquisadores quantificaram em amostras de tecido muscular e de nadadeiras a concentração de diversos elementos químicos: zinco, prata, bário, mercúrio, titânio, níquel, cobre, cromo, manganês, ferro, fósforo, potássio, enxofre, cálcio, bromo e cloro.

Nas amostras foram detectados elementos potencialmente tóxicos como prata, bário, cádmio, cromo e mercúrio. A concentração dos vários elementos químicos apresentou diferenças entre cada espécie, afetada pela posição do peixe na cadeia alimentar (chamado nível trófico), hábitos alimentares e características morfológicas. Dessa forma, segundo os pesquisadores, este estudo confirmou evidências anteriores de que peixes que ocupam níveis tróficos mais altos apresentam concentrações mais elevadas de vários elementos no músculo, especialmente metais com toxicidade potencial como o mercúrio.

Por fim, as diferentes amostras de músculo apresentaram maior variação na concentração de elementos do que as amostras de barbatana. Essa aparente falta de correspondência entre os dois tipos de tecidos sugere que as barbatanas não são uma alternativa viável para o monitoramento da concentração de elementos químicos em peixes.

Fonte: [1] Márcia Cardoso, Renata de Faria Barbosa, Gislene Torrente-Vilara, Gabriela Guanaz, Edgar Francisco Oliveira de Jesus, Eliane Teixeira Mársico, Roberta de Oliveira Resende Ribeiro, Felipe Gusmão; Multielemental composition and consumption risk characterization of three commercial marine fish species, Environmental Pollution 252 (2019) 1026 – 1034. DOI: 10.1016/j.envpol.2019.06.039.

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