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Notícias | 19 de Dezembro de 2019
Primeiras imagens de microtomografia de raios X são obtidas no Sirius

Dois dias depois de armazenar elétrons no acelerador principal do Sirius, a equipe do CNPEM realizou as primeiras análises com raios-x gerados pelo novo acelerador de elétrons brasileiro

Dois dias depois de armazenar elétrons no acelerador principal do Sirius, a equipe do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) realizou as primeiras análises com raios X gerados pelo novo acelerador de elétrons brasileiro. Neste primeiro teste simples, realizado a uma potência inferior a 13 mil vezes projetada para a máquina, foi possível observar a chegada da luz síncrotron pela primeira vez em uma das futuras estações experimentais do Sirius. Este é mais um grande marco para o projeto, e uma vitória para a ciência e tecnologia do Brasil.

“Essas primeiras microtomografias de rochas demonstram a funcionalidade dessa grande máquina, projetada e construída por brasileiros para colocar nossa ciência em um novo patamar. Sirius está ainda no início da sua fase de comissionamento, mas esses primeiros testes que permitiram gerar imagens de raios X nos dá a certeza que o futuro será muito brilhante! Seguimos entusiasmados para garantir o quanto antes condições de pesquisas inéditas para a comunidade científica do país”, afirma Antonio José Roque da Silva, Diretor-Geral do CNPEM e do Projeto Sirius.

As primeiras imagens, feitas em uma estação experimental de testes, têm a finalidade de avaliar uma série de sistemas do Sirius, guiando os ajustes necessários para que a luz síncrotron atinja a qualidade exigida para a realização de experimentos científicos de altíssimo nível, muitos deles inéditos no mundo.

“Estamos trabalhando em condições de testes e, mesmo assim, os raios X de alta energia produzidos pelo Sirius impressionam. Além de aumentarmos a qualidade da imagem, vamos conseguir analisar amostras de maior tamanho. Esse é um ponto importante, quando planejamos investigar rochas do pré-sal, por exemplo”, explica Nathaly Archilha, pesquisadora que lidera as primeiras análises.

Neste momento a equipe do Sirius tem duas frentes principais de atuação. Para produzir luz síncrotron ainda mais intensa, necessária para a realização dos primeiros experimentos científicos, o feixe de elétrons no anel de armazenamento deverá ser estabilizado e ter sua carga elevada. Simultaneamente, estão sendo concluídas as primeiras estações de pesquisa, onde a comunidade científica poderá realizar, a partir do ano que vem, experimentos inéditos, capazes de revelar detalhes dos mais variados materiais orgânicos e inorgânicos, como proteínas, vírus, rochas, plantas, solo, ligas metálicas, dentre muitos outros. Esses conhecimentos terão impactos profundos nas tecnologias usadas para a produção de alimentos, energia, medicamentos e de materiais mais eficientes e sustentáveis.

Sirius é a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no País e um dos primeiros aceleradores síncrotron de 4ª geração construídos no mundo. Foi projetado para colocar o Brasil entre os líderes mundiais deste tipo de tecnologia, permitindo a visualização de estruturas na escala das moléculas e átomos, com altíssima resolução e velocidade.

Tecnologia Nacional

Os raios X utilizados para a obtenção das primeiras microtomografias no Sirius foram gerados em um imã permanente de altíssimo campo magnético, tecnologia desenvolvida pelo time de engenharia do CNPEM e implementada em parceria com a indústria nacional. O Sirius é o primeiro síncrotron de 4ª geração do mundo no qual esta tecnologia é empregada.

Financiado pelo Ministério de Ciência Tecnologia Inovações e Comunicações (MCTIC), 85% dos recursos do Sirius foram investidos no País, em parceria com empresas nacionais. Além da construção civil, foram estabelecidos contratos com mais de 300 empresas de pequeno, médio e grande portes, das quais mais de 40 desenvolvem soluções tecnológicas para o Sirius, junto aos pesquisadores e engenheiros do CNPEM.

Fontes de luz síncrotron constituem o exemplo mais sofisticado de infraestrutura de pesquisa aberta e multidisciplinar e é uma ferramenta-chave para a resolução de questões importantes para as comunidades acadêmica e industrial brasileiras. A versatilidade de uma fonte de luz síncrotron permite o desenvolvimento de pesquisas em áreas estratégicas, como energia, alimentação, meio ambiente, saúde, defesa e vários outros.  Essa é a razão pela qual a tecnologia da luz síncrotron se torna cada vez mais popular ao redor do mundo. É também o motivo pelo qual os países com economias fortes e baseadas em tecnologia já contam com uma ou mais fontes de luz síncrotron, ou as estão construindo.

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