A iniciativa tem como objetivo estimular micro, pequenas e médias empresas paulistas
Segue aberta até o dia 5 de fevereiro a chamada de propostas FAPESP-Finep de Subvenção Econômica à Pesquisa para Inovação para o Desenvolvimento do Novo Anel Acelerador Sirius do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). A iniciativa tem como objetivo estimular micro, pequenas e médias empresas paulistas a desenvolver produtos, processos e serviços inovadores para a construção do Sirius, fonte de luz síncrotron baseada em um acelerador de elétrons de última geração, que está atualmente em construção em Campinas (SP).
Idealizado e projetado pelo LNLS, Sirius será a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no País, com potencial para trazer enormes avanços em áreas estratégicas como agricultura, saúde e energia, entre muitas outras.
Este é o segundo edital que as financiadoras FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) lançam com esta finalidade. O primeiro edital, aberto em 2014, propôs 18 desafios tecnológicos às empresas, e tiveram resultado bastante positivo. Os projetos aprovados nesta primeira chamada contemplam o desenvolvimento de 13 desafios, por oito empresas.
Nesta segunda chamada, 13 novos desafios tecnológicos foram lançados, a partir das necessidades identificadas pelo LNLS na atual fase de execução do projeto. Eles correspondem a equipamentos, dispositivos e sistemas de alta complexidade, que não são encontrados em prateleira ou mesmo fabricados normalmente sob encomenda, mas que podem ser desenvolvidos por empresas brasileiras interessadas em ampliar seu potencial de inovação tecnológica.
De acordo com o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, a participação das empresas num empreendimento científico como o Sirius é importante porque as tecnologias desenvolvidas não atenderão apenas a demanda dos cientistas, mas poderão futuramente ser aplicados na própria empresa. “É nessa diferença de atitude que nós [FAPESP] apostamos quando falamos que estamos interessados em apoiar a pesquisa na pequena empresa”.
Recursos da ordem de $\rm R\$$ 20 milhões foram direcionados para este edital, com participação de 50% de cada agência financiadora. Destes, cada empresa poderá solicitar até $\rm R\$$ 1,5 milhão para a realização de sua proposta, em um prazo de até 24 meses após a outorga. Detalhes sobre esta chamada e os desafios propostos podem ser encontrados na página http://pages.cnpem.br/desafiosirius. O edital completo está disponível no site da FAPESP, no link http://www.fapesp.br/9668.
Mesa redonda Parcerias Sirius
Em 6 de novembro o LNLS promoveu a Mesa Redonda Parcerias Sirius, realizada no CNPEM (Campinas, SP), com a participação de 65 representantes, de 44 empresas. O evento teve como objetivo apresentar para empresas paulistas as 13 atuais demandas tecnológicas do projeto Sirius incluídas na segunda chamada de propostas FAPESP-Finep.
O evento foi aberto com as apresentações do diretor do LNLS e do projeto Sirius, Antonio José Roque da Silva, do diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz e do diretor geral do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), Carlos Américo Pacheco.
“Participar desse desafio e contribuir com a construção do Sirius pode representar para as empresas um selo de qualidade”. Carlos Américo Pacheco, diretor geral do CNPEM.
Em sua apresentação, José Roque destacou a evolução do País no uso da tecnologia de luz síncrotron. A atual fonte de luz brasileira já é o maior equipamento de pesquisa do País, e espera-se que o Sirius seja um dos mais sofisticados equipamentos de pesquisa do mundo. “Isso mostra que, em 30 anos, saltamos de conhecimento zero em tecnologia síncrotron para hoje estarmos na fronteira do conhecimento, em uma situação de alta tecnologia”.
No evento foram apresentados também alguns resultados de parcerias já estabelecidas para fornecimento de componentes para o Sirius, como da empresa catarinense WEG, parceira do LNLS no fornecimento dos mais de 1300 ímãs do Sirius, e a empresa Engecer (São Carlos, SP), parceira no fornecimento das câmaras de vácuo para os aceleradores da nova fonte.
Eduardo Constantino, representante da WEG, relatou o envolvimento da empresa com a produção dos imãs quadrupolos para o Sirius. Segundo ele, o trabalho e qualidade exigidos para a bobinagem do eletroímã levou a um processo em estudo na empresa para a implantação de um processo similar na produção de motores elétricos de média tensão. “Quando a segunda etapa do processo for concretizada, nosso ganho de produtividade será de cerca de 67%”.
“A indústria precisa inovar, e com o Sirius a gente aprendeu um outro tipo de inovação, desenvolvendo algo que não é um produto nosso, que a gente conhece e domina”. Eduardo Constantino, WEG.
Desafios
Na segunda parte do evento, foram apresentados às empresas os treze desafios tecnológicos desta etapa para o desenvolvimento do Sirius. Os desafios propostos nesta chamada são: Trem de Monitoramento; Robô Comandado por Laser Tracker; Passarela sobre o Anel; Sensores Hidrostáticos de Nível e Inclinação; Banhos Térmicos; Impressora 3D – Manufatura Aditiva; Cabanas Experimentais; Câmaras de Vácuo para Elementos Ópticos; Estágios Mecânicos de Precisão; Bases Mecânicas Ultra Estáveis; Sistema de Baking Modular para Câmaras de Vácuo; Controlador e Driver para Motor; e Mecânica do Núcleo de Ondulador Universal.
Prêmio incentiva pesquisa em química verde
Narcizo M. Souza Neto, pesquisador do LNLS, recebeu o prêmio Dale Sayers, concedido pela Sociedade Internacional de Absorção de Raios-X.